sexta-feira, 16 de abril de 2010

1
"Não consigo entender por que as pessoas têm
medo das novas idéias. Eu tenho medo das velhas."

John Cage


Avant- garde, vanguarda significa estar à frente, posto avançado, uma unidade que vai abrir caminho por entre um terreno que será ocupado posteriormente por todos. Porém hoje já não se consegue classificar algo como vanguardista ou retrógrado. Está tudo disperso, aleatório, acontecendo dentro de um movimento browniano, e de um modo pelo qual todas as empreitadas -que são em sua totalidade ações praticamente individuais- para a criação de novas obras e/ou caminhos não cheguem a lugar nenhum.
Tudo encontra-se ao mesmo tempo em movimento e ao mesmo tempo estagnado: “mudanças fragmentárias não indicam corrente unificada; e a totalidade não sairia de onde está”(Bauman).

Os estilos então não se dividem mais em retrógrado ou progressista, não buscam mais substituir o antigo, o canônico o acadêmico, buscam apenas se juntar ao que já existe.
”Num cenário em que a sincronia toma o lugar da diacronia, a co-presença toma o lugar da sucessão e o presente perpétuo toma o lugar da história, a competição domina desde as cruzadas” (Bauman).
A lógica agora da novidade se dá por:“Máximo impacto e obsolescência imediata” (George Steiner citado por Bauman) e a rejeição da novidade já não é algo que se liga ao reacionário –muito pelo contrário, em muitos casos.


2
"Não sabemos mais fazer do tédio
algo proveitoso e fértil".

Como disse Bauman acerca da constante tentativa da arte moderna de não se tornar obsoleta e parar de causar o sentimento de repulsa e o incomodo na sociedade: “Aguilhoada pelo horror da aprovação popular, a vanguarda febrilmente sempre encontrava mais difíceis (por isso, possivelmente menos digeríveis) formas artísticas.” Isso acabou dividindo o público em duas classes: a que pode compreender e a que não pode. A arte foi então elitizada, mesmo que acidentalmente, excluindo-se da compreensão e da realidade das massas.
Porém, o mercado logo viu o poder dessas obras e a vanguarda foi incorporada - não por aqueles que compartilhavam de suas ânsias revolucionárias, iconoclastas e cheias do espírito moderno da mudança, mas sim por aqueles que queriam se “aquecer-se na glória refletida do recôndito, exclusivo e elitista.”(Bauman)
A arte se afastou totalmente das massas e um “tédio quase universal que se abate sobre a maioria das pessoas na simples menção da palavra "arte" “ (H. bey).
E com a “falta de tempo”, a crise na formação dos indivíduos e as sociedades inteiras voltadas para o consumo e para o trabalho, parece que nossa imaginação se esvaiu.

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